Voltar é como acordar.
Minha casa, do jeito que eu deixei. Uma mudança aqui, outra ali, nada que não pudesse ter sido mudado num final de semana qualquer. Os cachorros, meu quarto, a rua, as pessoas, todas ali.
Mas eu...
Bom, não dá pra voltar e dizer que você é a mesma, e que as mudanças foram qualquer, como um final de semana numa cidade ali, com uns amigos, uma festa e só. Foi morar com uma familia estranha e vê-la se transformando em sua. Ter amigos de culturas extremamente diferentes, sair e voltar a hora que quiser, fazer compras pra casa, se responsável por exatamente tudo na sua vida. Foi fazer amigos - de dois minutos e para sempre-, amores- todas intensidades e probabilidades-, comer comidas loucas e se perder em trams e ferries. Foi brigar em inglês e ouvir em espanhol. Foi combinar com alemães de sair correndo do restaurante e não pagar a conta. Foi achar irmãs japonesas e namorado australiano. Foi beber ponche e voltar pra casa a pé, descalça, rindo, por mais de meia hora. Foi trabalhar no show do U2, Bon Jovi, liga de rugby, com espiadinha no vestiário dos jogadores. Foi sair de casa duas da manhã para dar uma volta no centro, depois de uma taça de vinho com as amigas. Foi ver uma cidade destruida pela enchente. Foi Opera House, um coala no colo e cangurus ao redor. Foi ir pra uma entevista de emprego de Havaianas. Foi tudo. Foi louco.
Para todos vocês, que viveram isso comigo: see you soon. E como uma mensagem que eu recebi, numa das primeiras despedidas que me fez pensar o quanto essa viagem - também chamada de sonho por uns, intercâmbio por outros - mexe com a gente: "life is long enough to find you wherever you are in this world".
Até breve, em palavras e em solo tupiniquim.