quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Metade da água

Não gosto dessa coisa de ver a metade do copo cheio ou ver a metade vazia. Sem mais filosofias nessas duas, quero a terceira parte - a que sumiu. E sumiu? Quem bebeu metade da água? Fui eu? Espero que sim. Não gosto que os outros tomem do meu copo.
A sede, única para cada garganta, só a gente sabe. Tem os que degustam gota por gota, quase no conta-gotas, regrado, aquela metade que se foi. Tamanha lentidão e falta de gosto, terminam por consumir a outra metade sem onda, num gole só, e lá está a solidão do copo vazio. Há os que fazem o contrário, com medo do engasgo, e aproveitam pouco a pouco, mesmo que aquele último dedo seja até morno e sem gosto.
Mas olhando meu copo, vazio metade acima, cheio logo abaixo, bate uma amnésia de que a outra metade... não me lembro. Tenho que achar em algum lugar. Apesar de ter na lembrança e na boca, o frescor daquilo que já passou, sei que não me basta metade. Ainda preciso de uma... vida inteira.
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