Eu gostaria de ter a oportunidade de perguntar ao Bono como ele ainda aguenta tocar Sunday Bloody Sunday, With or Without You ou Pride. Obviamente ele me falaria que é o amor, e que tem gente sofrendo por aí, e enfiaria o conflito do Oriente Médio no meio... então, desisti. Prefiro me limitar a uma básica tietagem de fã do velho irlandês que um dia foi devasso, mas agora não consegue se livrar disso, ou ao menos faze-lo com muito sarcasmo, como antigamente. Ah, aquela ligação para o Bill Clinton... que saudades. “You can call me Betty”, disse o Bono na época que o americano era presidente. E hoje, nem as piadas sobraram.
A nova turnê começou bem, e foi sofrendo alterações de chorar. The Unforgetable Fire foi colocada para alegria de todos, até que o Bono foi cagando na letra, esquecendo e... pronto, fora do set list. O trio fantástico – Sunday Bloody Sunday, With or Without You e Pride estão lá, inteironas. Quem ainda aguenta? Três tipo de pessoa, eu suponho – as que nunca foram no show, as que só conhecem essas músicas, e as que comprar até o cocô que o Bono cagar. Fora essas pessoas, durante essas músicas dá para fazer uma ligação (“Galera, abaixa o som aí que eu tô no telefone”), ou levar um kit com lixa, esmalte e acetona para adiantar a manicure. 50% ou mais do show é pura politicagem. Fora do estádio então, é o massacre das petições. Ajudar é bom, mas as vezes a gente se pergunta se aquilo realmente é um show o se foi um equivoco.
Sim, eu sou fã do U2, e já fui a quartro shows da banda, e irei em mais dois. O problema é o U2 ser pintado como só isso – politica. Sou fã de “Boy”, do espetáculo Zoo Tv que, mesmo com uma mega estrutura, contava com um verdadeiro show e músicas que, mesmo a banda se apresentando com uma lona preta no fundo, faria sentido. O U2 faz sentido, mas parece que está se perdendo, se afundando em muito discursos e luzes e pouca música. Não deixo de ser fã, mas não apoio esse tipo de coisa.
Sem mais.