quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Eu, passando trote pro Banco Real antes de partir

Demorou mas cheguei! Sinto não ter escrito antes, mas não deu mesmo. Viver sem computador é assim... ou ERA assim - comprei essa semana um netbook basicão pra manter a comunicação, fazer pesquisas, trabalhos, procurar emprego, apto... é, a básica vida de gado do brasileiro na Austrália. Afinal, somos os bolivianos daqui! Hahahahaha mentira, boliviano aqui são os orientais. Só que mais chiques e com mais dinheiro. Mas vamos as curiosidades em geral:

VOO
O primeiro voo foi tranquilo - recebi váárias mensagens e ligações fucking crazy (obrigadaaa). São mais ou menos 3 horas para Santiago. Deixei São Paulo num avião em pleno horário de rush- 6 da tarde- e a visão lá do alto é sensacional. A city lit by fireflies.


Fui pela Lan até Sydney - espanhol prioritário. Portunhol não funciona nessas horas - espanhol dos nativos é BEM dificil! Ainda mais pra mim, que não curto. Comidinha de avião boa! Torta com uns bagacetes pra por no pão (queijo, salame, presunto) mais um bolinho de nozes. Yummy! Numa poltrona pra três, uma do meu lado foi vaga, Fui assistindo Shrek Forever (de novo). Mas sem subtitles, pra treinar de cara, né?


De Santigago pra Auckland são quase 13 horas. TREZE HORAS! Sentei do lado de um cara tapado que só dormia. Só vi brasileiros sociaveis bem mais pro fundo do avião. Tinha TV com muitos filmes legais, até games - mas e o pique? Primeiro tentei ver Rede de Intrigas- meu tédio bloqueava qualquer intenção de entender o filme sem legenda. Troquei por Billy Eliot, que tinha dublado. Chochilei. De repente chega um funcionário e desliga a minha TV- com isso eu acordei e não dormi mais. Inventei de comprar um Fon que obviamente não é FON, da Le Postiche, que é inflável. Achei HORRIVEL. Amontuei o "fon" com dois cobertores e tentei dormi. Quando acordei e olhei o mapa na TV (que mostrava geograficamente onde o avião estava), ainda estavamos acima do oceano. Faltava mais de 6 horas, e eu já tinha dormido e eacordado, SOCORRO! Torrei a bateria do emu celular até que descobri que a TV tinha cds. Fui ouvindo U2, Britney, Carla Bruni... tinha até a trilha sonora de Kill Bill e Amelie Poulain! Como já previsto, minha surpresa/entusiasmo durou segundos. Mais tédio. Vamos pular essa parte? Hahahahah
Desci do avião mas tinha que entrar no mesmo - e num é que a doida de uma brasileira que eu conheci deixou o passaporte dentro do avião, FORA da mala, jogado? Hahahaha! Nessas horas só lembro da minha mãe me repetindo 6 meses seguidos: CUIDADO COM O PASSAPORTE.Virou mantra.
Em Auckland chovia horrores. Do meu lado, meu primeiro aussie mate (mais claramente: amigo australiano). Primeiro me cumprimentou com um Hola, pensando que eu falava espanhol. Respondi Hello. HAHAHAHAH Ele perguntava uma coisa, eu respondia, o assunto morria. Ele abria o jornal, passava o olho e segundos depois, puxava outro assunto. Tá, australiano, eu falo com você... hahahahaha Depois de uma viagem de puro tédio, de Auckland pra Sydney foi fantástico. Minha desenferrujada do inglês falando com um nativo durou umas 2h .
"...the blendah"
"What? I'm sorry..."
"Blendah! Shrrrhhrhrrhrh" (imitando um liquidificador)
"AHHHH...blender!
"Yeah, the blendah"
Sotaque australiano é muito britânico. John - o rapaz meio grego, meio australiano - me divertiu como um velho amigo.
"Welcome to Sydney", ele me saudou, e eu desci do avião. Em solo australiano, enfim.
De Sydney pra Brisbane foi bem rápido. Já era sabado, eu mal acreditava. Apesar do longo voo, não dava pra acreditar que sai quinta e cheguei sabado. Na saida já vi o motorista com uma plaquinha e meu nome. Junto, um baiano e um coreano. Brasileiro quando se vê aqui parece melhor amigo. Me apresentei e cumprimentei com um beijo no rosto. Fui fazer o mesmo no coreano... "whhhhaaat, what is this?" Coreanos mal se cumprimentam com um aperto de mão. E a brasileira depravada aqui querendo se aproveitar do menino, só porque ele era modernete com o cabelo pintado. No final, estamos os três na mesma escola. E o coreano ainda fica todo sem graça quando me vê HAHAHAHAHA!

HOMESTAY
Brisbane é dividida em zonas - 1 é o centro e arredores, eu moro na 2. Pra ter uma idéias, Gold Coast, a cidade litoranea mais próxima, maomeno 1h de trêm, é zona 16. Morava com duas japonesas- Kumi e Tae- mas agora a Kumi foi para um apartamento perto do centro da cidade (que chamamos de city). A dona da casa, Judy, é um amor de pessoa- não pagamos para ter almoço durante a semana porque nesse horário estamos em aula. Ainda assim ela ajuda a gente, seja com pão e vegetais para um lanche ou quando sobra janta, levamos no dia seguinte. Ela é pintora e professora de piano. Kumi e Tae são pessoas maravilhosas - Kumi me ajudou em cada segundo, pra pegar ônibus, ferry, as tabelas de horario, tudo sobre a escola e muito mais. E ela é figura, passo o dia inteiro conversando e rindoo. Tae ficou comigo agora- ela está bem no começo do curso, eu fico ajudando ela e ensinando expressões que só conhecemos no Brasil. Ela ri o tempo todo.

Tae, Kumi e eu, após a escandalosa exibição dos biquinis tupiniquins

A casa fica a cerca de 10 minutos a pé do Citycat (ferry... uma barca), e tem dois pontos de onibus bem pertinho, com linhas que vão pra city. A visão que tenho daqui é perfeita- no fundo da casa fica o rio de Brisbane. Dá pra molhar os pés lá. Passa jetski, navio, canoa, barco. Tem vários vizinhos com barcos aqui.


Visão dos fundos da minha homestay

COMIDA
Judy, minha home mother, cozinha muuuito bem. Eu amo sal, as vezes até gosto de jogar umas pitadas, mas sem essa que comida australiana é sem graça. Comi aqui e na vizinha, nenhuma vez foi ruim (ou eu sou draga hahahah). No dia seguinte que eu cheguei tivemos um café da manhã assim: torrada com feijão ao molho por cima, com bacon e ovos. Sensacional. Lógico que eu comi- não tem graça vir pra um país diferente e comer o de sempre. Tá, só por um dia! Hahahaha
Já comi carne de carneiro, camarão, atum, frango...
Aqui tem tudo home brand- ou seja, produto com a marca do próprio mercado, e é mais barato. Já comprei várias coisas home brand e nenhuma foi ruim. Mas batata frita TEM que ser Smiths. É uma Ruffles mais grossa- uma delicia! Viciei. Tim Tam é uma bolacha coberta e recheada de chocolate, não dá pra comparar muito com nada que venda no Brasil, mas também é viciante.
Nota: duas Smiths pequena (acho que 55g) sai $2. Um pacote de Tim Tam tá $1,89. Yummy!

ps.: logo apos eu ter escrevido isso, comi uma sopa de frutos do mar que mais parecia prova do "No Limte".

TRANSPORTE
Para o pessoal de São Paulo que pega onibus como se fosse sardinha na lata, e para aqueles que ja viram corredor de onibus ou alguns terminais com previsão de chegada de onibus mais falso que nota de R$3, Brisbane é a visão do paraiso. Todas as linhas tem tabela de horários PONTUAIS. Se o próximo horário do ônibus no ponto que você está é 10h32, o onibus vai chegar nesse horário ou pouca coisa antes. Ele vai parar e abrir a porta sem que você dê sinal e vai esperar o tempo estipulado, e depois tchau. Assim como trens e ferries, todos são pontuais, e você sabe pela tabela que horário vai chegar no seu destino. Há alguns dias sai da escola às 17h30 e fui fazer compra no mercado. No final era umas 18h30. Para um paulistano isso é sinonimo de caos - pegar onibus nesse horário é a hora da morte. Mas não em Brisbane. Transito flui, muita gente mas transportes sufucientes para todos, sem atraso, raramente com pessoas em pé.
Aqui tem várias opções, dependendo do que você precisa- ticket diário, semanal ou mensal. Durante um desses periodos escolhidos você pode andar quantas vezes quiser de ferry, trêm ou onibus. Mas como Brisbane é separada por zonas, os tickets também são. Por exemplo: de onde eu moro (zona 2) indo para o centro, a ticket diário custa $3,90 - ou seja, dá pra zanzar pelas zonas 1 e 2 por esse preço o dia todo.

Gold Coast

Pra quem vai para Gold Coast, que é zona 16, o ticket sai por $21- ou seja, dá para ir e voltar de Gold e passar por qualquer lugar entre as zonas 1 e 16 durante o dia sem pagar a mais. Como eu tenho que pegar bus/ferry todo dia, vale mais o mensal entre zonas 1 e 2 (sai por $120).

OS AUSTRALIANOS
Os pedreiros na Australia são bonitos. O resto fica pra sua imaginação. Aqui tem muito ex-jogador de rugby, atuais jogadores de rugby, caras tatuados e mulheres loiras que pintam o cabelo de preto. Australianos não flertam, não adianta. No máximo bate o olho e na próxima piscada, você sai do foco. Se você começa a olhar para alguém aqui, a pessoa vai pensar que você descobriu algum segredo dela, que está com cagada ou que você é um psicopata. E o pior é que você entra na mesma neura - aqui quando alguém olha e não é brasileiro tem alguma coisa de errado. Tira o espelho da bolsa na hora e olha se não é um pedaço de alface no dente.
Fora isso, o povo aqui é MUITO estiloso. Você pode fazer a sua moda e cair na rua que ninguém vai te olhar torto ou apontar. Brisbane é uma passarela. Agora, por exemplo, a moda aqui é uma bota meio camurçada toda fofinha por dentro. Não, não é igual àquelas rampeiras que as meninas pagodeiras usam, é mais bonita. Até homem usa. Mulheres usam com calça, vestido, mini short... whatever. Muito estiloso! Estava com um amigo que está louco para comprar uma e comentamos que, depois de voltar para o Brasil com uma bota dessas, dá até para imaginar as piadas "hahahah esse aí veio da onde, do Alasca?". Nem em São Paulo, lugar mais descoladex (tipo região da Paulista, Augusta, Oscar Freire) chega aos pés da diversidade fashion australiana.
Mais um fato: australianas não sentem frio nas pernas. Já passei por dias de muito frio e nada evita do povo sair de mini saia ou short na rua. De noite então, nem se fala. Roupa de balada das australiana são vestidos colados MEGA curtos - curto o suficiente para não aparecer a bunda. De resto...

Visão noturna da ponte de Brisbane. Lindo andar de ferry a noite...

Mas o mais legal é que aqui não rola muito essa coisa de pose. O que mais tem no Brasil é gente com pose - vai comer nuns lugares que é pura aparência, 100% tédio, para mostrar o que não é para quem nem conhece. Aqui tem duas praças próximas da escola - uma num boulevard e outra logo abaixo, que inclusive tem um memorial dos soldados australianos que morreram na guerra.
Nos últimos dias vários soldados daqui morreram, então sempre ouvimos o som fúnebre (mas bonito) da gaita de foles e muitas flores ao redor dos monumentos. Enfim, voltando a falar das praças! Essas duas praças ficam tomadas de gente na hora do almoço. executivo engravatado, ripongas, estudantes, pais com filhos, todos se jogam na grama pra comer, ler um livro ou tomar banho de sol. É a coisa mais simples e mais gostosa que é totalmente impraticável no Brasil. Sentirei muita falta disso...

ESCOLA
Apesar dos altos e baixos, eu gosto da Pacific Gateway. Só dá asiatico, brasileiro e colombiano. SÓ. Como a maioria dos orientais se expressam muito mal em inglês (por exemplo, não falam a letra R nem V), resta fazer amizade com brasileiro. Até porque na escola, se você ouve qualquer piada na sala, ou qualquer descontração, é um brasileiro que faz. E mais - os brazucas são bem unidos. Pelo menos é o que eu estou notando até agora. O pessoal se ajuda no que pode e quando se encontra parece que já era amigo antes de chegar no país. Então assim, essa história de "se afasta de brasileiro" é, pra começo de conversa, inviável. Você vai passar um mês mofando se não tiver com quem sair para dar umas voltas, comentar, dar risada... e não é com os asiaticos precisamente que você fará isso. Muito menos com australianos. A única coisa que você pode fazer para não prejudicar seu inglês (esse é o motivo pelo qual falam para se afastar de brasileiros) é morando com pessoas de outra nacionalidade, mesmo que seja da America Latina. Tudo que force você a falar outra lingua é bom, afinal, é um dos principais objetivos do intercâmbio. O homestay é por nessa parte porque com uma familia australiana você pratica MUITO. É meio caro mas vale a pena.

No fundo, PGIC. Na frente, Paloma, Debi, Ivan e eu. Brazolis na grama.

Voltando a Pacific Gateway, mais conhecida como PGIC. Conheci professores muito bons, outros que não parecem ser professores, mas na maioria são bons (só encontrei um que super dá sono, o mais perdido da escola). Legal é o Chad, que só toca música boa no violão que tem na escola. Engraçado quando fomos num happy hour e conversei com ele, e disse que curtia os sons que ele tocava, como Jane's Addiction. Na outra semana esbarrei com ele no corredor, ele apontou e disse "Jane's Addiction, I'm gonna play it for you". Good memory! Hahahaha
Então... a escola tem violão para os alunos ou professores e uns sofás com Nintendo Wii. Ah, e uma mesa de ping pong. O povo super é viciado. A pior parte da escola mesmo é a internet. Nem Jesus por aqueles computadores... internet cai, ou tiudo fica lento. Como até o Greg diz, eram para estar num museu.
Ah, e por falar em Greg, a PGIC tem uns australianos rondando pela escola para conversar. Sim, conversar. Puxar assunto, falar inglês. Bem legal. Ah, e é proibido falar outra lingua. Saiu do inglês, seja dentro da escola ou nas ruas paralelas, e alguém viu, você toma cartão amarelo. Depois do amarelo vem o vermelho, depois o preto, e aí você é convidado a se retirar da escola. Dane-se se você deixou tudo pago. E isso está no contrato.

BALADA
Não sai ainda. Já rolou convites sim, mas ainda não veio o tempo. Só numa sexta que fomos no happy hour com o pessoal da escola num pub. Foi mais divertido do que pensei. A cerveja num copo gigante saia por $2,75 (Carlton Draught). Então veio o Greg chamar para umas brincadeiras alcoolicas hahahaha Primeiro tipo brincadeira do PIM, só que em vez do plim, você batia palma a cada número 3 e 6. Não multiplos, mas apenas com o final desses números. One, two...CLAP! Quem errasse, virava o copo. Compraram uns jarros de cerveja para brincar. Não, eu não errei para beber. Depois veio uma brincadeira de apostar para que não tivesse sido apontado; naqueles que fechasse um circulo contava até não sei quanto e, na pessoa que parece, ela virava o copo. Bah, nem entendi direito, mas joguei hahahaha foi legal. Mais legal ainda foi o som e a pista. Os japoneses dançando são hilários. As vezes eu tava dançando com umas japinhas e tin ha uns meninos que olhavam para imitar a dança. Tinha um japa e um colombiano hiperativo fazendo as orientais timidas passarem vergonha hahahahha
"I'm dancing with a brazilian girl, I'm HAPPY!" HAHAHAHAHA
Oh, Greg...
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