segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

São Paulo 456: nossas vidas se confundem

Meu primeiro encontro amoroso com São Paulo foi quando eu tinha lá pelos 13 anos de idade. Meu pai caçava raridades em vinil enquanto eu dividia meu tempo vendo os vinis e observando os prédios que me engoliam com suas sobras. Me sentia na década de 50, e até me projetei dançando na chuva, correndo pelas ruas ora estreitas, ora gigantes, em pleno centro. Prometi a mim mesma que voltaria ali com mais frequência, e conheceria a cidade como a palma das mãos. E voltei.
Depois de anos rodando São Paulo, a impressão que se tem é que nunca é o bastante. É como se Deus fosse o roteirista de um filme, e que trocasse o cenário e os personagens com grande frequência. E São Paulo? São Paulo é a enciclopédia, com tudo aquilo que ele criou. Todos seus personagens, dos mais perversos aos mais santos. Contém todos os cenários, de todas as décadas, de todas as cores, do cinza ao mais colorido. São Paulo chove e aquece, balança e se acalma, te bate e acolhe, te chama para dançar. E quem dança, ah... não quer mais parar.
Os personagens se revezam. Falam a mesma lingua alguns, outros nem mesmo se entendem. Pintam cabelo, pintam o rosto, gritam, pulam, viram São Paulo para cima, mas ela volta, e continua lá, de cabeça para baixo.
Assim como nós, São Paulo tem seus altos e baixos. Vai do fundo do poço ao mais fascinante paraíso; esfria e se deixa aquecer; ama, mas também se desilude. Somos, então, confidentes - como grande amigos ou loucos amantes. Nossas vidas se cruzam, se misturam, se confudem. Mas nossa relação é, e sempre será, um laço eterno.
Feliz aniversário, São Paulo.
Web Analytics