terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Carnaval Baixo Augusta


Sempre tive vontade de curtir o carnaval em Olinda. Aquelas ruas históricas, de casas antigas, sem prédios altos das grandes metrópoles. Aquele clima de diversão e de curtir a vida daqueles que estão dispostos a, pelo menos por alguns dias, deixar um pouco de lado sua vida caótica. Ou até mesmo curtir em Ouro Preto - o que quase fiz esse ano. Mas por força maior, meu carnaval será em São Paulo. Sim, São Paulo que é abandonada nessa época, a cidade que perde para o Rio nos seus desfiles e que nunca teve como ponto forte essa época do ano. Mas que existe carnaval em São Paulo existe, e eu fui atrás dele.
Descobri então que haveria o desfile de um bloco novo na Augusta, chamado não por acaso, de Baixo Augusta. Sim, a Augusta das putas, emos, punks e hypes. A Augusta que abraça o lado chique das alamedas e Oscar Freire, passa pelos botecos, atrações noturnas até o dark side do centro de São Paulo. Quem disse que paulistano não gosta de sambar? Aliás, quem disse que putas, emos, punks 'n' hypes não podem festejar o carnaval, do modo mais tipico e mais raiz da sua existência?
O Baixo Augusta teve divulgação em alguns portais, Twitter, Facebook, no site do Studio SP, que seria o galpão da festa, além de flyers em algumas lojas da região. Eu o descobri fuçando sobre carnaval de rua na cidade. Chegando domingo, dia do desfile do bloco, as ruas da região da Paulista ferveram. O pessoal descolado descolou seus enfeites e saiu pulando atrás do ritmo da sua escola, que teve Marisa Orth como rainha da bateria. No final do desfile, o baixo Augusta ficou pequeno para tanta gente. Boa parte foi embora, boa parte ficou lá pela rua mesmo, e boa parte entrou. E lá dentro a festa ferveu. Quem sabia, sambava. Quem não sabia, dançava do seu jeito, pulava, mexia dos dedos. E cantava - e muito - os moderninhos. Sim, os moderninhos que curtem o british pop, o indie rock. Aqueles das estampas de flor, xadrez e bolinha. Os das tattoos. São tão verde-e-amarelo quanto os que desfilam no Anhembi, com a diferença do estádio ser ali, no coração do seu habitat, a Augusta.
Nem parecia que era domingo. Sim, o domingo chato da macarronada, do Faustão e da depressiva e apocaliptica vinheta do Fantástico, anunciando que amanhã seria segunda. O som que ecoava dentro do Studio anunciava outra coisa: que é carnaval, e que a vida é colorida para quem quiser. E que segunda seria só mais um passo para o próximo final de semana, sempre carnaval.
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