sábado, 11 de setembro de 2010

Walk on, move on

Todo mundo pergunta como é estar aqui, se é mais legal, se não é, se tudo é mais barato, mais caro, se é dificil conseguir isso ou aquilo, se eu quero ficar mais tempo ou não...
Complexo, queridos. Muito complexo.
Cada um que vem pra cá tem uma história pra contar, e acredito que seja diferente a percepção de cada um de acordo com os próprios sentimentos e com as experiências que vive por aqui. A maior preocupação que é encontrar um emprego, por exemplo, vai muito de cada um. Não há regra. Os lugares mais próximos do centro são os mais procurados, e sempre os gerentes recebem pilhas de curriculos DIARIAMENTE. É tudo questão de sorte e muito mais ainda de network. Você conhece alguém que tá saindo da cidade e esse alguém te indica pra vaga que ele ocupava. Simples assim - é o metodo mais fácil de conseguir emprego. Agora com curriculo vai de bater na porta certa, na hora certa e com a pessoa certa. É por isso que alguns acham emprego em 1 semana e outro em 4 meses. Eu sinceramente não vou dar minha opinião porque eu vou começar a REALMENTE procurar a partir de amanhã, já que nas últimas semanas minha maior preocupação foi conseguir uma casa. Altos rolos... você olhando tem várias pessoas oferecendo apartamento pra dividir, o grande problemas são os detalhes. Com quem você vai dividir o quarto, quantas pessoas na casa, quem usa o mesmo banheiros, quanto você paga por semana, o que está incluso ou não. É MUITA coisa. Eu, por exemplo, achei um lugar maravilhoso, com vista pra Story Bridge, do lado do Chinatown e das baladas aqui (o nome do bairro é Valley). Iria dividir igualmente com pessoas maravilhosas. Fechei num dia, e no dia seguinte descobri que o dono do apartamento não quis renovar o contrato. Foi um pesadelo encontrar outro lugar e ter que ficar mais uma semana em homestay (carissimo!). Morar na cidade é essencial - você pode ter um emprego de madrugada e voltar a pé, sair sem se preocupar com horarios de ônibus e ferry, voltar pra casa e almoçar na hora da escola...
Em suma, tudo vai depender da sorte de você achar boas pessoas pra dividir apto, um emprego que te sustente e o jeito que voce lida com todas as pequenas neuras cotidianas. De qualquer forma, independente do perrengue ou não que você passar, a Austrália é um lugar maravilhoso. O transporte funciona, as pessoas são educadas e muito receptivas. Exceto alcool, cigarro e frango (pelo menos foram os três principais que eu ouvi reclamação e também comprovei no mercado que é uma facada), tudo é barato - claro, sem converter. Uma hora você simplesmente VIVE aqui e não consegue mais converter as coisas. Afinal de contas, a base que a gente tira aqui é pelo emprego e salário que dá pra ganhar. Então dá pra dizer que as coisas são baratas sim, porque mesmo sendo um faxineiro ou ajudante de fast food, você consegue se manter e comprar coisas legais numa boa.
Se eu ficaria mais tempo? Dificil dizer. Aliás, é uma coisa que eu nem respondo porque não tenho emprego, e se não conseguir emprego mal fico o tempo que quero ficar. Retornando a mesma pergunta, no caso de eu ter emprego, continuo sem saber a resposta. Só estou aqui há um mês, estou adorando, mas ainda não sinto a necessidade de ficar. Aqui é um lugar perfeito para fazer a vida - se eu tivesse filhos, adoraria que eles crescessem aqui. Mas a gente não pertence, não adianta. Digo isso muito mais culturalmente, e em questão das pessoas, do que do lugar. Se a gente debater lugar, não há motivo algum de querer voltar para o Brasil - no meu caso, São Paulo. Adoro São Paulo, mas quando cheguei em Brisbane, uma cidade pequena que nem todo mundo fora daqui conhece, é encantador. Não há razão lógica pra sentir saudades de São Paulo, de verdade. O problema são os motivos emocionais e culturais. Você é um milho dentro da panela de arroz. É diferente, não adianta. Estando em casa você faz amizade, flerta, namora, se relaciona de uma maneira compreensivel. Aqui não. Não encaixa com a mesma cultura, embora não seja algo precisamente chocante. Simples mudanças que provam que você não é daqui. E aí tem a familia e amigos que você deixa pra trás. Não dá pra traze-los pra casa, pelo menos eles, pras coisas fazerem mais sentidos. Então, como você não encontra esse meio termo, o equilibrio, o jeito é aproveitar ao máximo o tempo que você ficar SIM, porque é único, é sensacional, o quanto que durar. Mas no final, lembrando uma pequena frase de Walk On, do U2 - "home, that´s where the heart is".
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