segunda-feira, 27 de junho de 2011

Eu amo. Perdidamente. Sou a cega, burra, estúpida, aquela que não vê mais ninguém e não fala mais nada, senão dele ou para ele. A que tem que pensar no futuro, decidir se casa na igreja, no cartório ou se vai só morar junto (ah, coitada, sendo enrolada pelo rapaz!). A que tem que apelidar, tem que trocar peças e objetos na casa um do outro. Aquela que só sai em casal e que não vai lá, se lá ele não estará. Aquela que provavelmente é traida. Aquela que provavelmente será só mais uma na cama. Aquela que perguntam se vai ser da rua ou do lar.
Mas eu, eu não amo. Estou solteira. Solteira não, sozinha. Encalhada, mal amada, tadinha, a que ficou para tia ou para o amigo do amigo (vou te apresentar!). A que deve estar apelando. A que tem que logo planejar uma rota de fuga, ou ninguém vai querer. Aquela que vai ficar velha e sozinha, e nem para o asilo vai porque não tem filho para levar. Aposto que sai para baladas só para pegar - a esperança nunca morre. E se arrumar alguém, corre! Publica! Novidade do dia, semana e mês.
Tudo bem, não quero ninguém mesmo. "Não querer"? Aí tem coisa. Deve ser lésbica. Deve ser virgem. Deve ter tomado tanto chifre que fechouas portas, não cabe mais. Coitada. Aposto que está na defensiva, mas louca mesmo é para encontrar alguém. Olha muito para aquele lá, e sempre joga indiretas para o outro cá. Pensa que me engana.
O problema é que não consigo ficar sozinha. Ah, a melhor! A que se acha. Passa o rodo, não perdoa. Ainda joga a culpa neles! Fala muito, não deve ser metade disso tudo. Perdeu a conta de quantos. Ou pior: depende deles! Não vive sem homem. Pode ser feio, gordo ou uma vara, careca ou black power, se tem aquilo no meio das pernas e uma boa grana é o que vale. Verdade, o dinheiro. Aproveitadora que só.
Sou um texto a ser interpretado, mas não escrito. Que falem, que escrevam de mim, mas nunca por mim. Amo, desamo e sou amada. E acima de tudo, vivo.
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