segunda-feira, 8 de junho de 2009

Aparecida

Não me canso de pensar quantas coisas mudam quando você cresce. Aparecida do Norte é uma delas.
Minha mãe, como uma ótima católica, sempre nos levou para a cidade com aquela basílica gigante, com aquela salão de promessas que me assustava, e aquela passarela infinita. Uma coisa que me marcou bastante foi um haburger acebolado que eu comi em Aparecida aquela época. Também aqueles refrigerantes em garrafas de vidro de 600ml, e que na vez que comemos num dos restaurantes, passava "Piranhas" na TV. Lembranças.
A cada visita, coisas diferentes me marcaram. Da penúltima vez que eu fui, tinha um monumento em madeira com uma cachoreira, que rendeu algumas fotos. O shopping, que era simples, agora havia se multiplicado, além da praça de alimentação e a própria basílica, que estava em reforma com novos pisos espelhados, muito caros por sinal. As paredes também estão em reforma- e só uma observação: eu adoro afrescos nas igrejas. Acho que traz uma bagagem histórica gigante dos anos pelos quais ela passou. Talvez por isso (também) eu não gosto tanto da basílica quanto eu poderia gostar.
Enfim, hoje voltei à Aparecida. Se as coisas quando você era criança eram mais legais, era pelo deslumbre da primeira vez. Cada metro quadrado próximo à basílica esta tomado por todo e qualquer tipo de comércio. Passando pelas mulheres que se queimam ao sol vendendo terços, e os carrinhos com o sorvete de Itu, você ainda encontra um parque para crianças, um bingo, barraca de doces e salgados e, a caminho da rodoviária, um corredor infinito de barracas formando uma feira. Cara, a feira. Que medo da feira. Tinha até blusa do Corinthians com o Wolverine Jackman nas costas.
Mas o que realmente me dá raiva na cidade é o monopólio nos restaurantes. E isso eu notei há uns anos atrás, quando inventamos de almoçar em algum lugar fora do shopping. Todos restaurantes servem a mesma comida. O engraçado é que andamos ruas e ruas, depois daquela passarela gigante; encontramos restaurantes feios, bonitos, arejados, apertados, coberto, ao ar livre, não interessa. A comida é a mesma. É assustador. Mas quando eu pensei que ao menos o shopping tinha "vida própria", me enganei. Além da maioria não aceitar cartão, todos tinham a mesma comida, as vezes com preços diferentes. Exceto pelos salgados. E no meio de tudo isso- rá!- um Mc Donnald's. Não me aventurei- afinal, a fila era tão grande que dava tempo de atravessar a passarela gigante ou a feira (medo!) infinita no mesmo tempo.
Surpreendente, também, foi quando o onibus saiu da rodoviaria com destino a São Paulo. Só a alguns metros da basílica você encontra uma pacata cidade pequena, com comércio normal, casas, hoteis, pessoas andando calmamente na rua ou na bicicleta e- ops!- até um restaurante oriental. Dá até para respirar. Seja qual for o motivo- e prefiro não entrar diretamente no assunto-que proporcione tamanho caos, acaba de certa forma me afastando do lugar, já que o lugar em si já se afastou do seu principal propósito.
I'm out.


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