quarta-feira, 24 de junho de 2009

Colchão de concreto

A cama parece um pouco mais confortável devido ao jornal que separa o corpo do asfalto. Era uma bela manhã ensolarada. Ele levantou, olhou para o céu com os olhos semicerrados devido ao forte sol que avisava que a hora de acordar já passara. Espreguiçou-se longamente e quis saber se seus olhos estavam inchados- foi até o prédio espelhado, logo ao lado da sua cama, e observou atentamente a própria face, passando a mão nos vincos da pele. As pessoas dentro do prédio as vezes cruzavam olhares com ele através do vidro, mas ele não se importava.
Retornando ao lugar onde dormia, sua companheira abriu um sorriso para o sol acima da sua cabeça. Entrou debaixo de sua coberta, que lembrava bastante um papel reciclado, e trocou a roupa que usara para dormir por um top e mini short. Podia ser um reality show, mas nenhuma câmera, além dos próprios olhos dos curiosos, registravam tudo aquilo. A moça começou uma discusão com uma terceira, e foi necessário separá-las.
Ele não ligou- abriu sua mochila, retirou um MP3 player e ouviu uma música que, aparentemente, o fazia viver como se não houvesse amanhã.
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