terça-feira, 2 de junho de 2009

Quanto mais, menos.

A ignorância é uma benção- e adicionando, não tão tarde, uma virgula e o famoso "ou não".
Lamentava com uma amiga há pouco tempo que teremos, provavelmente, um show do No Doubt no final do ano. Mais aí vem Depeche, Bon Jovi, U2 e vai saber o que mais. Queria nem conhecer esses caras. Queria não curtir rock, especialmente internacional. Seria bem legal e cômodo curtir um Mauricio Manieri, que já tive a graça de ir em dois ou três shows. Também seria legal ser fã incondicional dos Engenheiros do Hawaii, depois de tarde com Humberto Gessinger há alguns anos, mas não. Tenho que gostar de cantores mortos e querer ir nos shows mais disputados e caros do Brasil. A ignorância poderia ser uma benção, monetariamente falando.
Por outro lado, eu apagaria dias que a música dessas bandas- as dificeis- me levantaram o humor, fizeram me emocionar, por alguns minutos ou eternas horas. Triste é uma pessoa que nunca se emocionou com algo assim, tão pequeno e complexo ao mesmo tempo. E, sem falar em sentimentos individuais, os amigos que conheci por causa de gosto em comum são indiscritiveis. Imensuráveis. Talvez eu também fizesse amigos gostando de coisas mais faceis, mas também "talvez" eles não fossem tão especiais assim.
E as amizades? Quanto mais se tem, maior o risco de perde-las no meio do caminho. Ou de se surpreender, para o bem ou para o mal. É estranha a sensação de descobrir, só depois de anos, que um amigo morreu. Mas quando se olha para trás e vê os momentos que foram feitos com ele, você nota que, no final das contas, valeu a pena.
Meu pai não quer mais cachorros. Na verdade ele sempre odiou animais, até se casar, ter uma familia e chegar a um ponto de dividir sua casa com 15 cachorros. Até o ponto de se apegar de tal forma, que uma das poucas vezes que ouviu seu próprio soluço entre lágrimas foi quando um deles partiu. Ele não acha que vale a pena passar por tudo isso de novo.
É o risco. O risco de ter e perder. A grande quantia, que quando é apostada, pode valer muito, ou ser a perda total. É como um remédio ruim, que traz o alivio depois- só que ao contrário.
Ao gostar de muitas coisas, você corre o risco de não ter todas elas. Ou degustar imensamente do pouco que tem.
Ao ter muitos amigos, você corre o risco de perdê-los. Ou de passar momentos tão bons que provavelmente você não consiguirá descrever precisamente depois.
Ao saber muito, você corre o risco de se frustrar. Ou simplesmente de querer saber cada vez mais.
Não querer saber é limitar. Ir além é enxergar o infinito.
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