terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Desejos



Ser humano quando quer quebrar a cara é fenomenal.
Lembro de uma vez que fui durante época junina numa tenda dentro do shopping que vendia quitutes (palavra bonita). Então, por 30 centavos, você comprava uma maria mole daquelas industriais. Bom, 30 centavos para quem não trabalha é um dinheiro fácil: assalto à bolsos de calça em casa, moedas deixadas na mesa ou aquela supresa do dinheiro perdido na calçada. Ou o troco do pãozinho.
Não comia há seculos o raio da maria mole- era muito boa. Voltei para casa desejando comer outra. No dia seguinte, voltando do curso, passei e comprei outras duas.
Claro, enjoei. Acho que desde esse dia não como uma dessas.
Também lembro de ter juntado 30 reais para comprar a ursa Clara da Matel. Lembrando que 30 reais não é um dinheiro facil para quem não trabalha: foi o suor da mesada acumulada e serviços em troca de dinheiro. O troco de uma compra de mercado- aliás, troco é apelido. "Ah, tudo deu R$35, mas deixa eu ficar com o troco dos R$50?". A fase mercenária da vida. Aí comprei a bendita ursa, e em menos de um ano outro urso a substituiu. Seu destino foi uma caixa na superlotação com outros ursos de anos anteriores.
Então há alguns dias vi um vestido vermelho. Olhei, mas não provei. Consequência: pra tirar o negócio da minha cabeça, fui até a loja, peguei a última peça M e fui provar. Tentei enganar o decote que ia pra baixo do peito, jogando pra trás, mas não rolou. Além de cair na frente, caia nos ombros. Devolvi resmungando e passei pelo corredor de (outras) lojas.
Vestido de malha. Decotado. Preto e branco. Mesmo preço.
- Eu quero aquele- apontei.
O maldito caiu como luva- ou como um vestido deve cair.
Aluguei dois filmes. Olhei que, na escala, a folga do trabalho é amanhã. Sentei no PC meia-noite e escrevi.
Um longo suspiro e uma sensação de um complexo bradshaw bem solucionado.

Desejo desejar menos e me surpreender com o que não desejei. Talvez a frustração seja bem menor.
Gute nacht!
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